A história que aqui vou contar sobre o Santiago vai ser de alguns momentos da sua vida, algumas características suas, vou falar do presente e recuar por vezes ao passado, sem nunca seguir uma ordem cronológica.
Santiago sempre foi um miúdo sensível , o seu olhar era diferente, tinha expressão, atenção , tinha e tem um olhar cheio. Ele olha porque quer ver,descobrir,entender,admirar,fitar e participar.
Recuando um pouco no tempo, Santiago tinha 6 anos quando pela primeira vez sentiu a falta de não ter o pai na sua vida. Foi quando iniciou a escola primária em que algumas perguntas de rotina se tinha que responder, nome, idade e profissão dos pais...
Ficou triste pois não sabia nada do seu pai, apenas nome e idade e que tinha sido um covarde que fugiu de casa, escondido , abandonou dessa forma a mulher e os dois filhos, tinha Santiago apenas uma semana de existência neste mundo. Nunca o viu, apenas fotos. Não sentiu falta desse amor, foi bem ultrapassado pelo amor da mãe e dos seus avós maternos, que até hoje os venera. Os avós de Santiago sempre foram e continuam a ser os seus verdadeiros pais, pelo amor,dedicação,educação,presença que lhe fizeram até hoje. Mas mesmo assim durante muitos anos sempre imaginou como seria ter conhecido, ter vivido com o pai, só não sabe é se iria ser mais feliz do que foi e esta é sempre a sua duvida. Não troca a certeza de todo o amor que teve, de todos os bons momentos de felicidade pela incógnita do que seria o amor do pai. Hoje Santiago vive bem com isso, com o facto de nunca ter tido o seu pai por perto. Aliás ele chegou a conhece-lo, mas isso fica para outro dia.
Para o Pai do Santigo
"Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair."
Carlos Drummond de Andrade
Por onde eu ando
Fotografos que visito